segunda-feira, 1 de outubro de 2012

As pensões de reforma dos bancários.

Quando entrei para a banca, no tempo em que os bancos eram instituições muito credíveis, em que os clientes eram tratados a pão-de-ló, que cada cliente era um amigo, e, vinha ao banco ter connosco, tendo da nossa parte o melhor dos atendimentos, alcançando geralmente o retorno aos seus anseios. Nesse tempo, no início dos anos 70, destacava-se um dirigente sindical de seu nome Daniel Cabrita, que lutou contra a ditadura e o patronato com as armas possíveis, pagando algumas vezes com a reclusão.
Foi nesses tempos que os bancários lutaram por conseguir uma assistência social, paga à parte e que viria a ter a designação de SAMS, Servico de Assistência Médica Social, as Clínicas espalhadas por todo o país, fruto dos nossos descontos, mais tarde o Hospital, igualmente por nós descontado. Tudo isso hoje está posto em causa, tendo os sucessivos governos vindo a deitar a mão àquilo que lhes não pertencia, apadrinhados sobretudo por direções sindicais bancárias, afetas aos partidos que nos últimos anos têm estado no poder.
Quando tudo eram rosas, os empregados eram todos novos, soube bem ao patronato, governar-se com os fundos de pensões dos empregados, uns bons milhões, que lhes dava para gerir e aplicar em investimentos que durante anos lhes foram aumentando por muitas vezes o capital investido.
Só que vieram os novos gestores, ou vieram as novas idéias que, que deram cabo da cabeça dos gestores, foi tudo muito rápido. As más influências dos produtos financeiros "tóxicos" americanos, invadiram o mundo, nós não escapámos.
Eu reformei-me em 2003, já há muito se falava que os patrões estavam doidinhos para se verem livres das pensões de reforma, e quem estava a entrar de novo já não ia descontar para o Fundo de Pensões, ia sim para a Segurança Social.
Para o Estado aqueles milhões do Fundo de Pensões da Banca, era uma tentação, toca de ir lá fazer o frete aos banqueiros!
E agora?
Os meios de comunicação andam por aí a fazer eco de que a Segurança Social não pode pagar as pensões dos bancários.
Não há seriedade nenhuma, lança-se a atoarda para o ar, coitada da Segurança Social, pode falir só para pagar as pensões aos chulos dos bancários!...
Mas o que é isto?
Quem mandou estes nabos destes governantes, irem buscar o dinheiro do Fundo de Pensões dos Bancários, só porque estava ali à mão de semear, para cobrir o deficite?
Deixassem-no estar onde estava, na mão dos bancos, que era uma responsabilidade dos mesmos pagar aos seus reformados, sem qualquer encargo público, tirando ainda daí o valor dos impostos.
Foram roubar o nosso dinheiro, agora são responsáveis pelas nossas reformas, e já estamos (isso ninguém fala), na lista dos que vão ficar sem subsídios, que para nós sempre foram 13º e 14º mês, contratualmente obrigatórios.
Estou apreensivo, porque não reconheço nesta gente o dever da responsabilidade, e de honrar os seus compromissos, nem governantes nem patrões.
Vamos ver a volta que isto vai levar.