segunda-feira, 3 de março de 2014

O Carnaval de quando eu era menino e moço.

Por estes dias de Carnaval, andava eu todo excitado com as máscaras, as tropelias, as bisnagas, serpentinas e papelinhos.
Pela data  de hoje segunda feira de Carnaval, nunca me esquecerei que estando eu a brincar com os meus amigos da família Nascimento, resolvemos pintar as caras com guache da escola, e vestirmos uns trajes esfarrapados, e ir brincar para o chafariz do Rio do Porto, eis se não quando veio o Polícia, acabado de fazer o seu turno na Vila Velha, e se dirigia para a Esquadra, já bêbado diga-se, veio direito a nós e resolveu apanhar-nos e meter-nos medo. Azar o dele, eramos três gazelas, fugiu cada um para seu lado, pregou-nos um valente susto, e acabou ali a brincadeira, apenas e só. Ele estava mascarado de Polícia bêbado, nós de crianças divertidas, passámos a crianças assustadas. Também era assim o Carnaval antes do 25 de abril, o império do terror.
Mas tinha coisas giras o carnaval do meu tempo, a cegada do Zé Mira, as Três Manas Catitinhas (três velhotes, de respeito), que com muita graça se dispunham a tocar e cantar pelas tascas e à noite na Sociedade União Sintrense. Os bailes eram bons em todo o lado, tanto na Vila Velha como na Estefânia ou em São Pedro.
Eu adorava andar mascarado, gostava dos bailes de Carnaval.
Uma vez meti na minha cabeça, que havia de namorar uma rapariga mais velha que eu, e fui dançar com ela algumas vezes num Carnaval, o meu pai disse-me que estava a desperdiçar o Carnaval, com uma fulana mais velha que eu, quando poderia ter tantas para escolher durante esse periodo de folia. Aceitei o concelho do mestre, e larguei-a logo nesse dia.
Já depois de estar casado, ainda fiz as minhas aparições como mastronçona, nos bailes da SUS, os amigos do meu tempo conheciam-me logo, mas aos novos massacrava-lhes a cabeça, porque não me faziam ali, alguns conheciam-me mal porque eu acabara de chegar do Ultramar, e quando parti alguns ainda eram moços de 14 ou 15 anos.
Saudades do Carnaval?
O ano passado ainda fui mascarado com as minhas netas ao Baile da Rainha, tendo sido coroado Principe, e a minha neta Catarina Princesa, mas passou-me a febre depressa, este ano já não fui.
-Do passado tenho saudades da juventude, da alegria que nós irradiavamos, e das tropelias que nós fazíamos, da nossa inquietude e malandrice. Agora lugar aos mais novos, divirtam-se e sejam felizes.
Tenham um Carnaval Feliz, mas se o quiserem gozar têm que ir para as aldeias vizinhas de Sintra ou Cascais, porque no centro da Vila não há nada, já lá vão muitos anos.
Estas marchinhas brasileiras que aqui vão neste video do You Tube, fizeram parte do nosso reportório durante mais de quarenta anos, e já vinham de tráz aprendidas com aquele que foi o nosso mestre, o saudoso Avelino Gil.