terça-feira, 29 de novembro de 2011

A doença da Europa, ou o que eu gostava de ter escrito.

Estou muito preocupado com esta situação politico-económica, não vejo nenhuma vontade de alguém resolver o problema, e também não me parece existir gente com capacidade para o fazer.
Com a devida vénia, vou publicar um texto escrito pela Dr. Ana Gomes, também ela radicada em Sintra, não sei se sintrense de gema, mas gente deste é que faz cá falta.
                                                             -------//-------

A eurodeputada socialista tece duras criticas à Alemanha por não assumir as suas obrigações como mais forte e rica potência europeia.
Num artigo publicado hoje no 'DN', Ana Gomes diz que "o euro pode ruir amanhã: por mais cimeiras que façam, esses aprendizes de feiticeiro não controlam o feitiço que puseram à solta nos mercados financeiros".
Escreve a eurodeputada que as reacções tardias e insuficientes ao problema da dívida fizeram com que os especuladores percebessem que vale a pena especular. "A especulação já dobra Espanha e Itália e ameaça França". Por isso, "é urgente que a Alemanha deixe o BCE assumir-se como financiador de último recurso na zona euro", sublinha.
É que "os vossos superavites orçamentais, amigos alemães, são contrapartida dos nossos défices", critica a eurodeputada.
Isto porque "quem encorajou os nossos governos, bancos, empresas e cidadãos a endividar-se foram os vossos banqueiros, empresários e caixeiros viajantes, instigando-nos a tirar partido do baixo juro do euro para lhes comprar submarinos, carros, equipamentos e tecnologias", acusa Ana Gomes.
E continua: "A falta de competitividade das nossas economias não é só culpa nossa: a UE desindustrializou-se nas últimas décadas, pagou a agricultores para não produzirem e a pescadores para não pescarem."
A eurodeputada deixa ainda um apelo à Alemanha: "Para não terem de nos sustentar, deixem mutualizarmos a dívida, para voltarmos aos mercados a juros comportáveis; respeitando regras, bem-entendido, mas beneficiando da boa notação que vocês e poucos na zona euro ainda mantêm. Chamem-lhes eurobonds, obrigações de estabilidade" ou o que queiram".
Ana Gomes conclui com uma chamada de atenção aos cidadãos alemães: "Não criámos a UE para a ver agonizar agora, com mezinhas Merkozy. Digam aos vossos governantes que queremos a Alemanha europeia, mas nunca engoliremos uma Europa alemã".

1 comentário:

  1. Muito bem! É uma máquina esta Ana Gomes! Sem papas na língua. Mas que isto está mau, lá isso está! Que desfecho? Também sinto medo.

    ResponderEliminar